Muitas pessoas ainda possuem dúvidas sobre as duas raças, e as confundem muito, inúmeras vezes as pessoas nos pararam na rua e disseram, “Esse aí é o Shih Tzu né”, se refirindo de nossos Lhasas, com corte de filhote. Já ouvimos relatos até de pessoas que compraram a raça pensando que era a outra.
Poucas raças caninas são tão confundidas entre si quanto essas duas. Lhas Apso e Shih Tzu têm mesmo muito em comum. Não só na aparência, responsável pela surpresa de quem descobre que eles não são um único cão, como também na origem, em certos aspectos do temperamento e nos cuidados que exigem. Duas dessas semelhanças são determinantes do sucesso atual da dupla. Porte pequeno e pelagem vasta formam combinação promissora para um cão no mundo moderno. Rotinas atribuídas e a crescente escolha por moradias compactas acenam com simpatia para alternativas caninas práticas e portáteis. Elas se acomodam bem até nas menores casas, são fáceis de transportar e potencialmente mais baratas de manter. Quanto à cabeleira abundante, embora perca em praticidade para visuais mais básicos, é mais chamativa e lidera a preferência do público de cães pequenos.
O fato é que Lhasa e Shih Tzu vivem popularidade ascendente no Brasil. De 2000 a 2006. Hoje, o Lhasa é o 4º cão do País em número de filhotes nascidos. O Shih Tzu é o 2º (à frente dele, apenas o Yorkshire).
O Shih Tzu é um cão extrovertido. O Lhasa faz o gênero reservado. Muitas vezes, o conjunto de características dele é até mais adequado para o estilo de vida do futuro dono, mas a primeira impressão conta muito e é rapidamente divulgada pelo boca-a-boca. “Na maioria dos casos, o público se encanta mais com o cão festeiro, que vê o comprador e corre na direção dele abanando o rabo; esse é o Shih Tzu, não o Lhasa”.
Que ninguém rotule o Lhasa de antipático. Seu perfil comportamental tem um quê de guardião, atribuído ao passado de cão de alarme (veja em História da Raça). É esperado e natural que cães usados para a guarda não se comportem de forma muito receptiva a estranhos. O Lhasa típico, embora não seja agressivo, geralmente não é dado a intimidades com pessoas desconhecidas.
Em comum, esses dois cães, ao contrario de muitas das raças pequenas, não tem nada de elétricos. Lhasa e Shih Tzu apresentam um grau de atividade moderado. Alternam momentos de energia com outros de pura calmaria. Entre os dois, o Lhasa muitas vezes é tido como levemente mais sossegado. Há vários relatos de exemplares da raça que nem demonstram alegria ao ver a coleira de passeio. “São caseiros e tranqüilos, não dão muita bola para caminhadas na rua”.
No conhecido ranking de obediência canina publicado no livro A Inteligência dos Cães, de Stanley Coren, fica claro que o lema da dupla é finja-se de surdo sempre que preciso.
Lhasa e Shih Tzu compartilham várias similaridades físicas: porte epequeno; formato corporal retangular (comprimento do tronco supera a altura na cernelha), orelhas pendentes e franjadas; cauda emplumada e virada para as costas; e pelagem vasta, com mesmo estilo de caimento. Os dois também existem nas mesmas variedades de cor: particoloridos (branco com outras cores) e sólidos (uma única cor). Mas é possível diferenciar as duas raças com precisão. Pelo menos, em se tratando de cães típicos, aqueles que se aproximam satisfatoriamente das exigências do padrão oficial. Confira.
Como se sabe, raças muito populares caem nas mãos de criadores de interesse exclusivamente comercial. Some-se a isso a grande quantidade de donos particulares sem qualquer preparo em técnicas de reprodução, mas que não pensam duas vezes antes para acasalar o mascote com o cachorro do vizinho. A matemática da criação não perdoa: o maior número de cruzamentos mal planejados é igual à maior incidência de exemplares com desvios físicos, temperamentais e de saúde. As duas raças já são vítimas da equação no Brasil. Há, em proporção significativa, exemplares de ambas com temperamento agressivo, com aparência atípica e com males genéticos.